Blimunda
Querido Diário,
Hoje a minha mãe foi executada. Vi com os meus próprios olhos a luz do seu olhar desaparecer, a sua alma desintegrada.
Não chorei.
Vi as suas memórias, conquistas e arrependimentos a se desvanecer, mas mesmo assim não chorei.
Porém após chegar a casa foi como se fosse um balão tinha rebentado e deixei tudo cá para fora, a angústia dentro de mim como nunca tinha sentido a sufocar-me intensamente. Chorei até não conseguir chorar mais, chorei até a minha voz ficar completamente roca como se tivesse gritado, talvez até gritei, não me lembro. Chorei até não conseguir ver mais, finalmente acabei por adormecer.
Acordei, mas preferia voltar a dormir.
Blimunda
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