Diário de Blimunda 3
Querido diário,
Hoje o Baltasar está de regresso a Mafra e eu vim com ele. Foi um dia especial pois conheci a família dele, que tão bem me acolheu. O pai (João Francisco), a mãe ( Marta Maria), a irmã ( Inês Antónia ) e o meu cunhado ( Álvaro Diogo). As conversas de “mulher” foram inevitáveis com a mãe de Baltasar, enquanto este dialogava com o seu pai acerca de negócios, ficando a par de tudo o que mudou na sua ausência.
Ao fim de três anos na Holanda, o Padre Bartolomeu regressou e logo se dirigiu à abegoaria (o local de onde se despedira de nós) e deparou-se com um cenário de abandono “dispersos pelo chão os materiais que não valerá a pena arrumar”. Após uma chuva de suposições sobre o nosso paradeiro o padre decidiu ir a Coimbra “cidade tao ilustre, de tao velhos sábios”, mas sem antes fazer um desvio por Mafra, para nos procurar. Este apercebeu-se de toda a movimentação de mão de obra e de pedras em torno da construção do convento. Finalmente veio a casa de Baltasar e fui a primeira felizarda a recebê-lo, apresentei-o a Marta Maria (mãe de Baltasar), mas o Baltasar e o seu pai só voltavam de noite, então o padre foi pernoitar em casa do vigário da vila e amanhã de manhã regressa para conversar connosco.
É um novo dia mas não pude deixar de passar aqui só para te contar o que o padre veio falar connosco. Ele disse que nos considera a única família que lhe resta, pedindo que trabalhasse juntamente com Baltasar e que com os meus poderes mágicos recolha vontades para que a Passarola potassa voar. O padre vai retomar a sua viagem a Coimbra, mas diz nos que enviará um recado para que partirmos para Lisboa. Até lá, Baltasar continuará a máquina e eu recolherei as vontades. E no dia de a Passarola voar voltaremos nos a encontrar.
Blimunda
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